Hoje é dia de continuar contando a minha história pra vocês. Se ainda não leu a primeira parte desse diário aproveita e já clique aqui antes de começar esse texto.
Ao longo dos cinco anos em que trabalhei na ZAK fiz milhares de entrevistas de emprego. Eu fui percebendo que criação era uma área da moda que eu gostava muito, mas, por vezes, me sentia incompleta. Queria muito ter a oportunidade de criar roupas para o universo feminino e sempre era uma frustração quando chegava nas entrevistas... o que eu mais ouvia ao longo desse processo era:
- ah, bacana! você tem várias habilidades que precisamos, mas só trabalha com masculino, né? Precisamos de alguém com experiência em moda feminina.
Eu queria ter essa experiência! O que fazer se ninguém me dá a primeira oportunidade?
Nessa época cheguei a desacreditar da moda... pensei que a solução seria fazer outro curso, fazer tudo diferente. Parecia um beco sem saída.
Em meio a esse caos, decidi me cadastrar na plataforma de cursos online chamada Eduk. Pensei que ser uma boa ideia para aproveitar o meu tempo livre fazendo esses mini cursos de moda, assim ao menos eu poderia aliviar o stress do dia-a-dia.
Criei um moleskine onde colocava todas as ideias que iam me surgindo a cada curso que fiz: lingerie, modelagem kids, estamparia natural, croqui de moda... e tantos outros. Cada dia eu tinha uma ideia mirabolante de um novo negócio para começar. A verdade é que só preenchi um caderno. Ao longo de um ano e meio não tive coragem de tirar nenhum desses planos do papel.
Até que chegou o dia da virada! O ano era 2016. Peguei umas férias mais longas naquele mês de dezembro e decidi que faria a minha própria roupa para o ano novo. E assim eu fiz. Comprei tecido, fiz a modelagem, cortei e costurei. Foi um quebra cabeças, porque apesar de amar esse processo eu sou bem impaciente quando começo a costurar errado e tenho que desmanchar... quem sabe a trabalheira que é isso me entende! rsrs
Ao longo do ano, eu passei a me dedicar ainda mais nas ideias. Decidi que criaria a minha marca de roupas femininas mesmo trabalhando na ZAK. Comecei a esboçar algumas ideias, mas logo paralisei. Percebi que eu não tinha mão de obra, não tinha muito tempo disponível e que sairia muito caro uma coleção completa logo de cara.
De repente surge uma ideia! Minha irmã casaria naquele ano e me implorou pra eu dar um jeito de fazer os robes para o Dia da Noiva. Lá fui eu, de novo, atrás de cursos e informações na internet para aprender como eu poderia atender a esse pedido.
Encontrei um curso na Eduk que ensinava a modelar e confeccionar três variações de kimonos. A última deles era como um robe. Achei fantástico e, além de tudo, não parecia ser difícil!
Lá fui eu, de novo, atrás de tecidos para testar em casa se essa ideia daria certo.
Me lembro muito bem, que fui ao centro de BH no meu horário de almoço e comprei três diferentes viscoses estampadas para testar. Cheguei em casa, ansiosa e fui logo fazendo a modelagem e cortando os tecidos. Resultado: dois tecidos cortados errados. Cortei as duas frentes do kimono pro mesmo lado, sem virar a modelagem. Não tinha solução. E eu pensei que eu nunca iria conseguir, já que cometi um erro tão "estúpido" ao meu ponto de vista.
Levei mais ou menos um mês para testar de novo. Dessa vez, com menos ansiedade e mais atenção, consegui cortar tudo certinho. Máquina de costura à postos e comecei a costurar. Levei uns três dias para conseguir terminar, mas quando terminei me senti a pessoa mais feliz do mundo! Foi uma conquista e tanto!
Já queria sair com ele e mostrar para as amigas. Só que uma vez mais, o medo me paralisou. Achei que ninguém ia gostar, que seria ridículo. Desisti e guardei no armário.
Mais alguns dias se passaram, até que eu resolvi adotar uma estratégia. Eu postaria uma foto no insta, como quem não quer nada e "vamos ver o que rola".
SUCESSO TOTAL! Um montão de gente escreveu comentários super positivos e isso definitivamente me encorajou a fazer mais algumas peças para colocar a venda.
Inicialmente a ideia era que eu produzisse tudo sozinha. Comprei vários tecidos, comecei a cortar e percebi que seria muito demorado se eu fosse costurar tudo e que o acabamento não ficaria perfeito, já que não tenho tanta habilidade. Consegui uma costureira que topou me ajudar nesse início e foi maravilhoso!
Ao longo da confecção eu decidi criar um site, fazer etiquetas, pensar na embalagem, cartões de visita, fotos dos produtos... fui fazendo tudo sozinha nos meus horários livres e de repente quando eu vi estava lançando minha marca!
O mês foi junho de 2017. Rapidinho as pessoas compraram a minha ideia e logo todos os produtos esgotaram. Foi incrível e muito melhor do que eu jamais poderia imaginar. E foi por todo esse encorajamento que eu logo pedi demissão do meu trabalho. Resumindo assim parece que foi rápida e fácil a decisão, né? rs. Não foi! Foi lenta e cheia de incertezas, mas a verdade é que ao longo de dois anos eu já vinha pensando nisso. O que aconteceu de fato, foi que eu enxerguei nos kimonos a oportunidade perfeita de começar um novo ciclo na minha vida: mais independente e correndo atrás do meu sonho - ou ao menos dessa bendita experiência com feminino que as outras marcas queriam no meu currículo.
Ao longo de um ano eu me propus a ser uma marca exclusivamente de kimonos femininos. Para a minha grande e feliz surpresa, as clientes passaram a me pedir mais opções de roupas. Elas queriam usar mais produtos Lulu Seda!
Em julho de 2018 eu decidi encarar o desafio de aumentar o mix de produtos da marca e, confesso, saí do primeiro encontro com a modelista com os olhos cheio de lágrimas de alegria por ter conseguido dar esse passo. Foi um momento indescritível pra mim!
E assim estou hoje... aprendendo a cada coleção, tentando inserir produtos cada vez mais lindos e de qualidade, mostrando pra vocês como pode ser fantástico o processo de escolher nossas roupas e como elas dizem tanto sobre nós.
Meu grande aprendizado de todos os dias e que eu quero deixar como lembrança aqui para todas nós é que nunca é fácil. Nunca vai ser. Decisões, desafios, a ansiedade de estar começando um negócio ou um novo trabalho... mas é transformador! Nessas transformações a gente cresce e amadurece. E isso sempre vai ser bom! Por isso, se você tem algum sonho, estude e trabalhe bastante para torná-lo real. Tenha calma, paciência e tente se lembrar todos os dias que tudo acontece no tempo certo e esse tempo é diferente do "tempo que a gente quer". E que quando algo sai do planejado, não significa que você errou. Significa apenas que saiu dos planos e, por algum motivo, tinha que ser assim!
Acredite em você. Todos os dias.
Com muito amor,
Lulu Seda
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